17 novembro 2007

Companhias de viagem...

Seria apenas uma viagem como tantas outras, mas aconteceu algo que a tornou especial.
Poderia ter sido aquele atraso inicial e a possibilidade de falar com pessoas iguais a você, com expectativa de apresentar um trabalho em um seminário ou de viajar com a turma da sala pela primeira vez...
Ou talvez quando, dentro do ônibus, alguém soltava uma ou outra piadinha, ou acertava o enigma na palavra cruzada ou num momento de descontração, dançava o funk do momento, com sérios riscos de ter como um dos passos da dança um braço quebrado ou um ônibus tombado.
Quem sabe a parada providencial para repor as energias, num luxuoso resort hotel e restaurante de beira de estrada, coisas que só o rico dinheirinho de nossos projetos poderiam pagar...
Não, talvez a chegada à cidade tenha tornado essa viagem tão especial, quando muitos estavam com cara de "finalmente!!!" ou "o que vamos fazer à noite?" ou ainda de "tem chuveiro no hotel?", caras entendidas apenas por quem estava lá...
Mas, e os companheiros de quarto, animados para tomar aquele chope gelado, mesmo depois de 131 horas de viagem, ou para caminhar com você onde você estiver... E prontos para dar aquela última lida na apresentação, ou para o último gole no suco de laranja no lanche da manhã no hotel, ou a última ligação no 208 para ouvir a voz de um anjo qualquer perdido na imensidão da noite...
Poderia ter sido pela turma da sala, pessoas tão especiais e tão distantes às vezes, que apenas em momentos como este nos brindam com sua doce companhia...
Talvez tenha sido, na verdade, aquele último instante, no encerramento, quando todos, no chão, percebemos nossa igualdade, nossa simples e bela igualdade.
Bem, agora está claro o que fez dessa viagem algo tão especial. Tivéssemos ido para a China, para a lua ou para o Ceilão, estaríamos com o mesmo sentimento: não há nada capaz de substituir uma boa companhia!!!
Gilmar

01 novembro 2007

TCC

O primeiro pensamento ao acordar é de que se trata de um dia diferente. A ansiedade torna-se o sentimento mais exacerbado, contribuindo para a sudorese intermitente, a vontade de visitar o banheiro a cada dez minutos, a aceleração do coração... Hoje, você pensa, é o dia mais importante da faculdade. E apesar deste medo louco da apresentação, você sabe o quanto foi grande a luta para chegar até aqui. Quantas horas de sono, passeios com a família, beijos na namorada, pizza com os amigos, gols do seu time, sorrisos de sua sobrinha- foram deixados de lado por este trabalho. E, talvez, em algum momento, a vontade de desistir tenha aparecido, mas mesmo assim algo dentro de você insistia em dizer: pelo menos tente!!! E isso aconteceu. Mesmo quando tudo parecia confluir para dar errado (arquivo corrompido, impressora sem tinta, impressora sem papel, falta de energia elétrica, disquete estragado, cara feia do seu amor, irmão querendo usar o computador, internet fora do ar, entra-e-sai no quarto, sobrinha esperando para brincar, 183ª correção enviada pela orientadora...), a vida insistia em indicar que sempre há uma força contrária de positivas possibilidades, segurando-lhe na mão e mostrando a sua capacidade. E então chega a sua vez. Depois das inúmeras lidas no trabalho completo e dos infinitos ensaios da apresentação, é o seu momento. Momento de declamar SEU POEMA. Odiado ou amado, é o seu poema. Ali, são as suas palavras, a sua leitura de uma parte do mundo e não há examinador que possa tirar isso de você. Da sua boca surgem palavras não ensaiadas, suas mãos têm vida própria e insistem em não obedecer. E apesar disso, há ouvidos e olhos atentos na platéia, que em algum momento denunciam com as palmas: acabou! E um prazeroso alívio lhe toma conta. Como acontece quando seu time marca o gol do campeonato aos 46 ou quando você volta para a família depois de meses e meses de guerra. Sua alma, então, volta a ter asas, e leva, flutuante, seu corpo de volta para casa...

Que venha a formatura!!!

Gilmar